Eu acordei triste, acordei com vontade de não levantar da cama, com vontade de não fazer nada, simplesmente ficar ali observando o teto daquele quarto, e agradecendo à Deus por todos os dias que eu passei ali. Acordei com a vontade de ficar o dia todo chorando, o dia todo lamentando, e pedindo para que tudo voltasse... Mas eu não podia o fazer. Eu tinha de me levantar, arrumar minhas coisas, almoçar, ir para o aeroporto e encarar toda a realidade que me esperava. Tinha chegado o dia que de princípio eu queria que chegasse logo, mas que no fim, eu queria é que não chegasse nunca mais. Tinha chegado o dia em que eu tinha de me despedir das pessoas que eu convivi durante 20 dias, das pessoas que têm o mesmo sangue que eu, das pessoas que eu amo além de tudo nesse mundo, e sou grata eternamente. O dia em que eu teria de aprender a ser forte, e me despedir de tudo que eu havia vivido. O dia em que eu voltaria para minha realidade.
Doeu? Claro que doeu, levantar daquela cama, dar o ultimo bom dia à quem iria lá ficar, sentar á mesa para o ultimo almoço, arrumar a mala que eu havia bagunçado durante todos aqueles dias bons, e enfim ir tomar banho... E que banho mais demorado, mais doloroso, mais choroso... Me lembro até hoje daquele dia, simplesmente fui para debaixo do chuveiro, abaixei a cabeça, deixei a água cair sobre o meu pescoço, fechei os olhos e os tampei, e chorei, chorei muito. Vi todo o meu mudo desabar exatamente naquele momento. Eram diversos pensamentos diferentes, como: "um dia será que voltarei cá?" , "Será que vou me adaptar com toda essa distancia que está prestes a comprimir meu coração?"...
Então iam se passando os minutos e já estava chegando a hora de ir em direção ao aeroporto.. Meu coração apertava cada vez mais, até eu não conseguir mais sorrir na frente de ninguém, corri para o quarto, e lá eu desabei mais uma vez, chorei até começar a me doer os olhos e o estômago.. Mais uma vez me fiz forte, levantei, e fui ver como estava o estado da sala de estar.. Encontrei apenas tristeza, caras fechadas... Abracei todos eles, senti o peso de cada lágrima no meu ombro, passei a força que eu não tinha à todos eles. Mesmo que aquilo me custasse toda a dor do mundo.. Eu não podia vê-los a chorar e sofrer... Eu vi que não estava doendo só em mim. A dor já havia feito sua morada em todos corações...
Doeu, doeu cada adeus que eu tive de dar, doeu cada último abraço, cada último "eu te amo", doeu cada lágrima derramada e vista. Mas o que mais doeu, foi saber que eu estava deixando pra trás pessoas que me amaram, me mimaram, e deram tudo que podiam por mim naqueles dias... Doeu demais. E ainda dói.
Foto: http://the-thousand-synonyms-of-love.tumblr.com/post/74004379974
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